terça-feira, 3 de novembro de 2015

SUGESTÕES DE ATIVIDADES - SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Menina Bonita do Laço de Fita - Trabalhando as diferenças na Educação Infantil
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Perceber-se e perceber o outro como diferente;
  • Respeitar as diferenças;
  • Desenvolver e potencializar a criatividade.
Duração das atividades
5 horas aulas
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
      O/a  professor/a deve observar a turma em suas relações pensando nas seguintes questões: há crianças que não conseguem interagir com o grupo? Há crianças que expressam verbalmente sua dificuldade em aceitar o outro. Como se dão as interações nos momentos de brincadeiras livres? Como são feitas as escolhas dos parceiros de brincadeiras e de atividades em grupo? Todas essas e outras questões possibilitam ao professor, perceber os preconceitos velados entre nossas crianças
Estratégias e recursos da aula
Primeiro Momento
 Leve para a sala de aula uma história para contar às crianças que contemple ou mencione “diferenças”. No caso dessa aula a sugestão é a história “Menina Bonita do laço de fita” da autora Ana Maria Machado.

 
A história pode ser contada com diferentes estratégias: fantoches de uma boneca negra com as características da Menina Bonita e com um coelhinho branco, apenas lendo o livro e mostrando as gravuras ou de acordo com a criatividade do professor. No caso dessa aula, a história foi contada por meio de uma caixa construída só para essa história:   


Veja os detalhes de confecção da caixa em Recursos complementares.

Segundo Momento
Faça uma rodinha e converse com as crianças sobre a história. Levante algumas questões para que as crianças possam pensar e verbalizar suas opiniões. Reler o trecho da história   “O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele já tinha visto toda a vida! E pensava: _ Ah, quando eu casar quero ter uma filhinha pretinha e linda que nem ela!”.   
Questione as crianças: O que é ser bonito? Como uma pessoa deve ser para ser bonita? Na medida em que as crianças forem colocando suas opiniões ir enfatizando a importância da diferença de cada um. Destacar para o grupo que o importante é ser diferente, indagando: Já pensaram se todos nós fôssemos iguais?     
Terceiro Momento
Aproveitar a descoberta do coelho de que “a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos” e perguntar às crianças com quem elas acham que se parecem. Para complementar essa discussão, pode-se enviar uma atividade para casa em que as crianças perguntarão aos pais com quem eles acham que elas se parecem. Assim com certeza aparecerão muitas respostas interessantes: olho da avó, cabelo do pai, boca da mãe, etc. Os pais podem enviar fotos de seus filhos junto com as pessoas com quem acham que o filho se parece.
Assim que o material chegar em sala o professor deve socializar as descobertas na rodinha ajudando na verbalização das crianças com uma frase do tipo : minha mãe acha que os meus olhos são do ... meu cabelo é parecido com ..., minha boca se parece com ...
Quarto Momento
Proponha também outros registros da história para que as crianças possam brincar:   
1) Para estimular a oralidade e expressão das crianças proponha que confeccionem dedoches para brincarem de teatrinho: Modelo:

As crianças deverão colorir os dedoches e depois você professor, recorta o espaço dos dedinhos. As crianças poderão brincar com eles construindo os diálogos dos dois personagens.
2) Construir de papel machê, ou de outros materiais (pano, garrafinhas, etc.) a  bonequinha – “menina bonita do laço de fita”   Colocar roupas, cabelos, olhos, boca, etc.


 





3) Fazer uma exposição com os trabalhos das crianças

 
Recursos Complementares
Caixa de história construída pelo professor:
 Materiais: caixa de sapato, jornal, grude feito com polvilho (ingredientes: água, polvilho. Misture a água com o polvilho leve ao fogo e deixe cozinhar mexendo sempre. Ao se formar a consistência de um mingau, desligue o fogo e deixe esfriar),
 tinta branca para fazer o fundo e tinta da cor principal da história para fazer a base da caixa.  
 Modo de construir a caixa:
Quando a caixa de sapato já estiver pronta, xeroque em tamanho maior a história e colora todas as páginas de acordo com as cores originais. Faça uma capa com papel duro (cartão ou panamá), encaderne e coloque em cima da caixa de sapato – não precisa colar o livro à caixa. Coloque dentro da caixinha alguns objetos marcantes da história – no caso da história dessa aula colocamos a bonequinha, um coelhinho, uma xícara com um pires, um potinho escrito tinta preta, um porta retrato com a foto da avó da menina.   A partir daí é só contar a história de um jeito bem gostoso!   
Receita de papel machê:  
 Massa de Papel –   Você vai precisar de:
- 01 rolo de papel higiênico (prefira os brancos)
- 03 colheres (sopa) de farinha de trigo (ou mais)
- 03 colheres (sopa) de cola branca
- 01 colher (sopa) de água sanitária ou cloro
- 01 bacia e 01 peneira
Modo de fazer: 1- Pique o papel higiênico bem miudinho e coloque numa bacia com água. 2- Junte a água sanitária e deixe de molho por 24 horas, para amolecer. 3- Escorra a água com a ajuda de uma peneira mas não esprema o papel. 4- Junte a farinha de trigo aos poucos. Mexa até ficar uma massa lisa e firme. Se a massa ficar quebradiça ou dura, acrescente mais água. 5- Junte a cola e mexa com as mãos até a textura ficar parecida com uma massa de modelar. 6- Modele o que quiser, lembrando sempre que o fundo dos objetos e as bordas não podem ser muito finos para que não quebrem ao secar. Deixe secar na sombra, em cima de um plástico. 7- Depois que o objeto estiver totalmente seco, pinte com guache. Se as bordas estiverem muito irregulares, antes de pintar, use uma lixa fininha para consertá-las. Se fôr um pequeno detalhe, serve lixa de unha. 8- Para pintar as áreas maiores, use um pincel grosso. Para pintar pequenos detalhes, use um pincel fino. Quando a tinta secar, aplique uma camada de cola branca ou verniz sobre o objeto.
Avaliação
Professor, para avaliar é importante se fazer perguntas do tipo        
  • A criança passou a se perceber como diferente em atitudes e relações com os colegas e com você?
  •  A criança trata os colegas com respeito e valoriza as características que são diferentes das suas próprias?
  •  A criança demonstrou habilidades na expressão oral ao brincar com os dedoches?
  •  Participou de forma criativa da construção de sua própria bonequinha?  


fonte:  http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18588

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

SUGESTÃO - PROGRAMAÇÃO PARA O MÊS DA CRIANÇA 2015




01/10 (4ªf): Oficina - Construção de Fantoche de Meia (Sugestão: cachorrinho)

02/10 (5ªf): Hora da Culinária - Preparo de Guloseima (Sugestão: Brigadeiro de colher, Pirulito de chocolate, Mousse de Gelatina, Cup Cake...)

03/10 (6ªf): Dia da Beleza e Brincadeiras com Máscaras e Acessórios (Sugestão: confeccionar diferentes tipos de máscaras com as crianças)

06/10 (2ªf): Pintura no Rosto

07/10 (3ªf): Baile à Fantasia (as crianças poderão vir fantasiada e/ou a escola poderá confeccionar fantasias com as crianças, de papel, TNT...)

08/10 (4ªf): Dia da Piscina ou Banho de Mangueira (poderá ser substituído por brincadeiras na areia/lama)

09/10 (5ªf): Dia do Pijama (promover um desfile entre as crianças) e/ou Noite do Pijama (organizar um Acantonamento com as crianças)

13/10 (3ªf): Brinquedos Infláveis na Escola, com pipoca, algodão doce, bolo, lanche e decoração com bexigas

14/10 (4ªf): Cinema com Pipoca (organizar uma sessão na própria escola ou um passeio ao cinema da cidade)

15/10 (5ªf): DIA DO PROFESSOR

16/10 (6ªf): Desfile Engraçado (as crianças poderão vir com roupas diferentes, de adultos, engraçadas, misturando fantasias e acessórios)

19/10 (2ªf): Tarde do Sorvete com recreação no pátio (poderá ser substituída por frutas ou gelatinas de vários sabores)

20/10 (3ªf): Dia do Piquenique (organizar na própria escola, ou em outros espaços, como: parque, praça...)

21/10 (4ªf): Teatro na Escola (apresentado pelas professoras ou por equipe contratada previamente)

22/10 (5ªf): Oficina - Construção de Brinquedo de Sucata (Sugestão: vai e vem, ioiô, bilboquê, sopra bolinha, pião, boliche com garrafa pet, etc.)

23/10 (6ªf): Gincana na Escola (Sugestão de brincadeiras: corrida do ovo/saco/saci, estourar balões, acertar bolas no alvo, dança das cadeiras, corrida de obstáculos..)

26/10 (2ªf): Contação de História e Roda de música com violão

27/10 (3ªf): Teatro de Fantoches ou Marionetes (apresentado pelas professoras ou contratados previamente pela escola)

28/10 (4ªf): Caça ao Tesouro (sugestão de prêmio - chocolates, balas, pirulitos, bola, etc...)

29/10 (5ªf): Oficina - Construção de Fantoches com Caixas de Leite

30/10 (6ªf): Passeio (Sugestão: praças e/ou parques da cidade, biblioteca, zoológico, circo...)


obs: Planejamento elaborado pela professora Priscila, do blog Alfabetização e Cia

segunda-feira, 15 de junho de 2015

IMPORTÂNCIA DO SABER CONTAR HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

 Ler histórias para crianças é poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, é suscitar o imaginário, é ter curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar idéias para solucionar questões. É uma possibilidades de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos. É ouvindo histórias que se pode sentir emoções importantes como a tristeza, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade e tantas outras mais. “É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica...É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula...”.( ABRAMOVICH, 1995, p. 17). 
 A leitura é uma forma exemplar de aprendizagem, é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Favorece a remoção de barreiras educacionais, principalmente através da promoção do desenvolvimento da linguagem e do exercício intelectual, aumentando a possibilidade de normalização da situação pessoal de um indivíduo. 
 A exposição à leitura da histórias no seio familiar durante os anos pré-escolares, leva muitas crianças ao sucesso escolar. As crianças que vivem num ambiente letrado desenvolvem um interesse lúdico com respeito às atividades de leitura e escrita, praticadas pelos adultos que a rodeiam. Esse interesse varia de acordo com a qualidade, freqüência e valor destas atividades realizadas pelos adultos que convivem com as crianças. Se uma mãe ler para seu filho textos interessantes e com boa qualidade, nota-se que estará transmitindo a ele informações variadas sobre a língua escrita e sobre o mundo. Isso é de suma importância para a criança, pois irá levá-la a interessar-se cada vez mais pela leitura das histórias ouvidas. Ao adentrar no mundo escolar, a leitura não mais se realizará como na família, devendo sofrer modificações que são vitais para o desenvolvimento da aprendizagem. Para poder transmitir à criança uma visão clara do que se está lendo, o professor deverá ter algumas atitudes, tais como: 
· Visualizar o livro para a criança, através da exposição das gravuras;
 · Ler de forma liberal, porém clara e agradável, atraindo a atenção da criança;
 · Manter-se aberto para as perguntas das crianças, incentivando a troca de comentários sobre o texto lido.

 O QUE DEVEMOS LER PARA AS CRIANÇAS
 Nas transformações da leitura de histórias em atividades pedagógicas, a nossa preocupação maior é com a qualidade da leitura que iremos realizar para as crianças. Assim, a escolha dos livros deve ter alguns princípios básicos que possam garantir a eficiência do trabalho pedagógico, ou seja: a) qualidade de criação; b) estrutura da narrativa; c) adequação às convenções do português escrito; d) despertar o interesse da criança; e) simplicidade do texto; Isso nos garantirá, além de oportunizar o contato da criança com o uso real da escrita, levar a mesma a conhecer novas palavras, discutir valores como o amor e o trabalho, levá-los a usar a imaginação, tornando-os criativos e capazes de pensar. A leitura deve se transformar em atividade de rotina, pois o escutar histórias desenvolve naturalmente um interesse cada vez maior em aprender determinadas histórias e reproduzi-las oralmente. O professor deve procurar assegurar às crianças o acesso aos livros, agindo como elemento facilitador e incentivador da criança pela leitura à medida que não se comporta como leitor e sim como expectador das leituras que são reproduzidas pelas crianças. 

POR QUE CONTAR HISTÓRIAS ? Contar histórias é a mais antigas das artes. Nos velhos tempos, o povo assentava ao redor do fogo para esquentar, alegrar, conversar, contar casos. Pessoas que vinham de longe de suas Pátrias contavam e repetiam histórias para guardar suas tradições e sua língua. As histórias se incorporam à nossa cultura. Ganharam as nossas casas através da doce voz materna, das velhas babás, dos livros coloridos, para encantamento da criançada. E os pedagogos, sempre à procura de técnicas e processos adequados à educação das crianças, descobriram esta “mina de ouro” as histórias. Parte importante na vida da criança desde a mais tenra idade, a literatura constitui alimento precioso para sua alma. É conhecendo a criança e o mistério delicioso do seu mundo que podemos avaliar todo o valor da literatura em sua formação. As crianças tem um mundo próprio, todo seu, povoado de sonhos e fantasias. A história é contada visando: · deleitar a criança; · infundir o amor à beleza; · desenvolver sua imaginação; · desenvolver o poder da observação; · ampliar as experiências; · desenvolver o gosto artístico; · estabelecer uma ligação interna entre o mundo da fantasia e o da realidade; No sentido da língua, particularmente, as histórias: · enriquecem a experiência; · desenvolvem a capacidade de dar seqüência lógica aos fatos; · dão o sentido da ordem; · esclarecem o pensamento; · educam a atenção; · desenvolve o gosto literário; · fixam e ampliam o vocabulário; · estimulam o interesse pela leitura; · desenvolvem a linguagem oral e escrita; As histórias são fontes maravilhosas de experiências. São meios preciosos de ampliar o horizonte da criança e aumentar sue conhecimento em relação ao mundo que a cerca. Mas é precioso saber usar as histórias para que dela as se alcance retirar tudo o que podem dar à educação. Um dos principais elementos a ser alcançado é o poder de imaginação que, tirando a criança do seu ambiente, lhe permite ao espírito “trabalhar” a imaginação. As histórias têm como valor específico o desenvolvimento das idéias, e cada vez que elas são contadas acrescentam às crianças novos conhecimentos. “ O ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imagiar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo ( a mesma história ou outra). Afinal, tudo pode nascer dum texto!” (ABRAMOVICH, 1995, p. 23)

 COMO CONTAR HISTÓRIAS? 
 Uma história deve ser contada emocionalmente e não simplesmente apresentada em seu enredo. Uma boa história é uma obra aberta, que permite muitas leituras, muitos caminhos, muitas saídas. Contar uma história é fazer a criança sentir-se identificada com os personagens. É trazer todo o enredo à presença do ouvinte e fazer com que ele se incorpore à trama da história, como parte dela. As crianças agem, pensam, sentem, sofrem, alegram-se como se fossem elas próprias os personagens. A história assim vividas pode provocar-lhes sentimentos novos e aperfeiçoar outros. Por isso as histórias não devem ser deprimentes. O final deve ser feliz, para transmitir aos ouvintes uma emoção sadia. O principal na arte de contar histórias é saber despertar a emoção.Quando as crianças nos pedem que lhes contemos histórias é porque sentem necessidade de sair de si mesma, de experimentarem uma nova sensação. Para se contar bem uma história é preciso possuir habilidade, treino e conhecimento técnico do trabalho, pois os valores artísticos, lingüístico e educativos dependem da arte do narrador. Os segredos de um contador de histórias são: a) Curta a história – o bom contador acredita na sua história, se envolve e vibra com ela. Se o professor não estiver interessado, dificilmente conseguirá interessar as crianças.
 b) Evite adaptações – deve-se ler o que está escrito no livro. Não privar os alunos do contato com o texto literário. Os velhos contos de fadas são histórias cheias de fantasias e de poesia. Lidam com sentimentos fundamentais do ser humano: o medo, a angústia, o ódio, o amor. Permitem à criança exercitar através da imaginação, soluções para problemas concretos da vida, que interessam ao adulto. 
c) Não explique demais – a adaptação de histórias é uma descaracterização da história na vida da criança. Muitas vezes, a história exerce a função de desenvolver ou até prolongar o mistério. Ao fazer a tradução ou adaptação, o professor deixa tudo muito bem esclarecido, não restando qualquer mistério. Ao ser encerrada, a história realmente se encerra, deixando de existir para a criança. 
d) Uma história é um ponto de encontro – ao entrar numa roda de história, a criança participa de uma experiência comum que facilita o conhecimento e as ligações com as crianças.
 e) Uma história também é um ponto de partida – a partir de uma história é possível desenvolver outras atividades: desenho, massa, cerâmica, teatro ou o que a imaginação sugerir.
 f) Moral da história – nenhuma, ou melhor, várias. Essa história sobre os segredos das histórias e os contadores de histórias é só o começo, o resto quem conta somos nós, com a experiência, imaginação e bom senso. 
g) Comentar a história – fazer perguntas diretas para a criança, verificando se ela figurou bem cada um dos caracteres, se os moldou de acordo consigo mesma, se o caráter que nos apresenta é o que pretendíamos transmitir. 
h) Dar modalidades e possibilidades da voz – sussurrar quando a personagem fala baixinho ou está pensando em algo importante, falar tão baixo de modo quase inaudível, nos momentos de dúvidas,e usar humoradamente as onomatopéias, os ruídos, os espantos, levantar a voz quando uma algazarra está acontecendo. 
Ë fundamental dar longas pausas quando se introduz o “Então...”, para que haja tempo de cada um imaginar as muitas coisas que estão para acontecer em seguida. As histórias são expressões de uma mesma personalidade em evolução, do princípio do prazer da realidade. Podem mostrar à criança que a transformação, a mudança e o desenvolvimento são possíveis. Que o prazer não é proibido. Contar histórias é uma arte. Deve dar prazer a quem conta e ao ouvinte. As histórias têm finalidade em si. Contadas ou lidas constituem sempre uma fonte de alegria e encantamento. Por isso as atividades de enriquecimento devem ser leves e espontâneas. 
 A dramatização é uma das melhores atividades de enriquecimento, pois além de ser uma das preferidas pelas crianças, oferece valores imprescindíveis ao desenvolvimento de um bom programa de literatura. O objetivo da hora das histórias é a familiarização com a literatura. Desde muito cedo, a criança gosta de ouvir a história da sua vida, a mais importante para ela. À medida que cresce, começa a solicitar determinadas passagens que deseja ouvir. Histórias sobre fatos reais são importantes, porque ajudam a criança a entender sua origem e que tipo de relações existe entre ela, as pessoas e os lugares. Da mesma forma, as histórias inventadas são importantes. Desde cedo a criança precisa saber de coisas que não fazem parte de sua experiência cotidiana. É comum ela ter um amigo imaginário ou atribuir qualidades humanas e sobrenaturais a um brinquedo ou a um animal. As histórias lidas somam-se então às inventadas, passando a fazer parte de um mundo onde a realidade e a imaginação se completam. Os livros aumentam o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência de vida real. A hora de curtir um livro juntos é a hora de partilhar: um livro de histórias curtas, contadas com palavras fáceis de ler e entender, ilustrado com imagens que falam da história, das personagens e ações que estão sendo ;lidas e mostradas, que faça pensar em coisas novas, que informe, que faça rir de verdade, que seja engraçado, que faça brincar com as mãos, olhos e ouvidos. O importante é que nessa hora não haja pressa, contando ou lendo tudo de uma só vez. É preciso respeitar as pausa, perguntas e comentários naturais que a história possa despertar, tanto em quem lê quanto em quem ouve. 

 CONCLUSÃO 
 Criança interessadas em estudar, este é objetivo primordial de todos os pais. Porém, não sabem eles que é a parir de um conto de histórias que estão estimulando seus filhos a apreciar os estudos com olhos de interesse e não de sofrimento. É no contar uma história que estimulará seus filhos a fantasiar, e trazer de alguma forma esta história para sua realidade. Esta busca da literatura se faz em grandes livros infantis, escritos por grandes autores que trazem lindas histórias com grandes morais e final. Mas não se faz uma grande fantasia se não soubermos passar isto a criança. Este foi o grande objetivos do trabalho, tentar de alguma forma ensinar educadores a contar histórias, que ao meu ver não é nada fácil. Sabendo o que ler, como ler, e entender sua importância é a grande base da literatura. Estimulando as crianças a imaginar, criar, envolver-se já é um grande passo para sua carreira. A literatura na infância é o meio mais eficiente de enriquecimento e desenvolvimento da personalidade: é um passaporte para vida e para a sociedade. É na infância que se adquire o gosto de ler, por isso que é de suma importância o conto, pois o fantasiar antecede a leitura.  


*Fonte Desconhecida. Se alguém souber quem é o autor, favor indicar aqui nos comentários do blog para que seja dado os devidos créditos.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

NOME PRÓPRIO NA ALFABETIZAÇÃO

(...)
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O portal Além das Letras1 ministrou o curso a distância O papel do nome próprio na alfa betização inicial. O produto compartilhado pelo grupo de alunos foi a organização de uma pequena coletânea2 composta de boas pro pos tas para utilização em sala relacionadas ao nome próprio. Agora, os alunos do curso 1 oferecem esse material, amplamente discutido pelos participantes nos fóruns e nos demais espaços de estudos. Ninguém melhor do que uma assídua participante para apresentar os resultados: O percurso que realizamos até aqui nos trouxe reflexões muito interessantes e até mesmo surpreendentes!


Apesar dos cursos já trilhados na área de alfabetização, o presente trouxe um olhar muito pormenorizado de ações que já foram incorporadas à prática. Quem de nós já havia pensado na hipótese de refletir o porquê de cada ação, se para tantos de nós é ponto pacífico que essas atividades colaboram para a apreensão do conhecimento do aluno? Contudo, fazendo uma análise de cada uma dessas atividades, nosso papel como alfabetizador toma uma proporção diferente, pois cada uma dessas propostas passa a ter um significado específico, capaz de resolver as dificuldades que o estudante possa ter.

Três propostas foram apresentadas e pudemos refletir quanto à funcionalidade de cada uma no que tange à aprendizagem da leitura e da escrita. Cabe, então, ao profissional da área, compreender que as atividades podem ser apresentadas de maneiras diversas e, assim, atingir também objetivos diferentes. O que se adquire, ao final, é autonomia tanto para refletir, quanto para buscar caminhos para alcançar a aprendizagem da leitura e da escrita. (Érika Miskolci)
Nem tudo é o que parece
A sensação que você, leitor, terá ao ler as próximas páginas é de familiaridade. Você vai reencontrar práticas sobre as quais já ouviu falar e possivelmente já faça. Portanto, essa coletânea não tem como propósito apresentar nenhuma grande novidade. Queremos apenas refletir, avaliar e orientar essas propostas divulgadas há tempos, encontradas nas salas de aulas das mais diferentes regiões do país. Diversas atividades, embora amplamente difundidas, comumente são utilizadas nas escolas aleatoriamente, repetidas sem reflexão sobre seus reais propósitos e desafios para as aprendizagens nas séries iniciais. Ao se analisar os detalhes da proposta, do tipo de consigna que se faz às crianças, das intervenções e dos materiais oferecidos, nota-se a falta de intencionalidade educativa.

Clidineia Ferreira também concorda com a necessidade de um planejamento mais reflexivo: Preparamos atividades que levam nossos alunos à reflexão, a mudar seus conceitos, desestabilizando concepções e construindo novas aprendizagens. (…) Não precisamos facilitar para que eles aprendam a ler e a escrever convencionalmente e sim planejar estratégias que os levem a pensar em situações reais de leitura e de escrita significativas dentro de um contexto socialmente aceito no mundo letrado. Planejar estratégias que levem os alunos à reflexão exige do professor saber exatamente não só o que ele tem por objetivo de trabalho, mas também decidir sobre as diferentes formas de proposição de uma atividade, já que consignas diferentes podem produzir aprendizagens diversas. Como lembra Lorena Trescastro, “as atividades ensinam coisas diferentes: a grafar letras, a reconhecer letras e a pensar sobre o sistema de escrita – variedade e repetição de letras nos nomes, nomes com tamanhos diferentes, com inícios e términos com a mesma letra, ordenamento das letras na composição das palavras. Tudo isso é importante, mas os professores precisam entender que as atividades do modo como são propostas estão ensinando coisas diferentes. Podem propor uma reflexão sobre a escrita propriamente ou, então, sobre o uso dessa escrita socialmente. Ou, ainda, focar aspectos da leitura ou da escrita”.
Amanda Lopes, 4 anos
Amanda Lopes, 4 anos
A tarefa de realizar um planejamento de trabalho de alfabetização e letramento com as crianças, respeitando seus processos de construção do conhecimento, os conteúdos e os interesses de cada turma não será possível sem que priorizemos uma organização sistemática de nossas propostas pedagógicas. Porém, um ponto importante na ação docente alfabetizadora, sem o qual essa ação não se efetiva, é o registro: ação pensante, onde prática, teoria e consciência são gestadas. (Renata Maria Oliveira)
Por que nome próprio?
Sobre essa questão, Raquel Relvas comenta:

Sabemos que a escrita do nome próprio tem função social definida em nossa cultura: identificar as pessoas, identificar aquilo que a ela pertence, referir-se e localizar-se… ou seja, simplesmente “se fazer existir”. Além de a escrita do nome próprio na escola ser usada para tais identificações, é utilizado também para proporcionar às crianças um suporte que lhes dê condições favoráveis para apoiá-las em seu processo de alfabetização. Por fornecer a ela um modelo estável de escrita, esse trabalho proporciona avanços significativos na aprendizagem da leitura e da es crita, porque o aprendiz encontra oportunidade para refletir sobre quais e quantas letras usar e em que ordem elas se apresentam. Assim, podem adquirir, aos poucos, os conhecimentos essenciais que impulsionarão seu processo de alfabetização.
Para Érika Miskolci:
A grande vantagem de se trabalhar com o nome próprio vem do fato que o nome encerra em si a unicidade no que tange ao assunto e a diversidade no que diz respeito a cada um ter um nome específico e, não obstante, poder ser trabalhado na classe como um todo.

Para Lorena Trescastro:
O uso de nomes para nomear, identificar e organizar o grupo de crianças em sala de aula é uma atividade que insere o uso do nome na rotina, destacando a funcionalidade da escrita. Essa atividade coloca em evidência o contexto de uso da escrita: é necessária, real e socialmente aceita como prática recorrente em nossa cultura (…). O nome, por si só, ao identificar a pessoa e servir de chamamento em várias situações discursivas cotidianas, tem contexto definido, claro e permanente. Em sala de aula, o que se faz é tirar desse contexto situações para fazer avançar a aprendizagem do sistema de escrita. Ao serem trabalhados na sala de aula os nomes, que pertencem a contextos de uso frequente pela criança, viram objetos de aprendizagem.

Para Maria do Carmo Simões da Silva:
Segundo Rosa Antunes de Barros, “o conhecimento do nome representa uma oportunidade privilegiada de reflexão por se tratar de um modelo estável, por ter valor compartilhado por emissor e receptor e clareza na função na função social da nossa cultura.”

Três ideias validadas
Lorena Trescastro afirma que “existem inúmeras atividades que podem ser desenvolvidas a partir do nome próprio das crianças. A partir disso, o curso proporcionou que selecionássemos, compartilhássemos e analisássemos um repertório de propostas bastante valioso, principalmente a partir de três critérios:

  1. Situações em que o foco da atividade seja ler ou escrever.
  2. Situações em que a criança possa pensar sobre os usos e as funções da escrita e como se escreve.
  3. Situações em que ler e escrever o nome sejam práticas necessárias e socialmente reconhecidas.
Não são simplesmente atividades propostas, mas são oportunidades de gerar conflitos que impulsionam a aprendizagem de nossas crianças e, por isso, merecem toda atenção antes, durante e após sua realização. Tais sugestões privilegiam condições para que os pequenos reflitam sobre o sistema de escrita, apoiados em um referencial importante e significativo para eles, e que lhes dê segurança para escrever e ler seu próprio nome.”.
A seguir, apresentamos três ideias para se trabalhar com a lista de nomes da sala e seus diferentes usos. O jogo de bingo é um dos mais comuns nas salas de Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. Vários professores o utilizam porque acreditam que seja um modo mais lúdico de ensinar. Pensam que as crianças aprendem brincando. De fato, elas brincam, mas não é por isso que aprendem e, sim, pela quantidade de informações às quais elas têm acesso e pelas oportunidades de pensar que este tipo de jogo permite. Os pequenos adoram desafios e, por isso, os jogos são importantes durante todo o processo de ensino e aprendizagem. Com o jogo de bingo não é diferente. Ele propicia às crianças a oportunidade de conhecer mais as letras, utilizar as estratégias de leitura (seleção, antecipação, inferência e verificação), associar as letras iniciais e finais com os nomes de sua cartela etc. Além disso, desenvolve a atenção (para não perder nenhuma letra dita pelo professor).
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O professor é bastante criativo e busca atividades ou as inventa para dinamizar o processo de aprendizagem. Por trabalhar com crianças pequenas, temos de considerar a faixa etária, de modo que a aula não se torne cansativa e pouco envolvente. Espera-se que as atividades de leitura e escrita sejam sistematicamente organizadas na escola. (Maria do Carmo Simões da Silva)
Portanto, para validarmos a qualidade do jogo como atividade de aprendizagem, precisamos perguntar: O que se aprende em cada uma das situações? O que é mais desafiador? Em nosso curso, estudamos três situações de jogo de bingo facilmente encontradas e fizemos uma análise didática. No jogo de sorteio de letras do nome, o professor sorteia as letras, as lê e as mostra para as crianças que, então, devem procurar a letra igual em sua cartela, cuja base é seu próprio nome. Ganhará o jogo aquele que cobrir todo o nome primeiro. De acordo com outra regra, a criança pode ter uma cartela com mais de um nome em uma pequena lista, mas a unidade a ser sorteada, ainda assim, será a letra.
Lorena Trescastro esclarece que, nos dois casos, o foco está nas letras. De fato, ambos podem contribuir para que a criança amplie seu repertório de letras, controle a quantidade e reflita sobre a disposição delas nos nomes, mas serve apenas para isso. Quem já memorizou a ordem de seu nome, por exemplo, pouco tem a ganhar com essa atividade. Se a professora mostrar a letra, restará apenas procurar o igual. Como diz Erotides Santos Vitório, “quando ela está apenas cobrindo, só está aprendendo a contornar as letras. Não precisa colocar em jogo nada do que já sabe, apenas brinca.” Sabemos, no entanto, que conhecer os nomes das letras não é pré-condição, muito menos suficiente para saber ler. Há jogos mais desafiadores que não se centram na letra como unidade da escrita, mas sim na lista de nomes.
No segundo caso de jogo de bingo, as crianças possuem cartelas com alguns nomes de sua sala. O educador procura compor a lista de modo favorecer a reflexão sobre algumas regularidades da escrita. Veja o exemplo:
M A R C E L O
S O R A I A
N A T A L I A
L O R A I N E

O professor, então, sorteia um nome a partir da lista da sala e a criança precisa verificar se a possui em sua cartela. Ela lê, mas não mostra a tarjeta à turma. Primeiro ele pergunta quem tem aquele nome e espera um instante até que todos verifiquem, leiam, discutam sobre as divergências e decidam como se escreve o nome. Depois mostra a tarjeta para a conferência do grupo e cola-a no quadro ao lado para que fique disponível para consulta. Quem acertar os quatro nomes primeiro, ganha o jogo.
Raquel Relvas avalia:
Essa proposta é mais desafiadora porque além de exigir mais da criança, permite que ela faça muitas reflexões sobre o que está lendo a fim de decidir qual o nome que deverá marcar.

Clidinéia Ferreira esclarece:
Nesse caso, a criança utiliza todas as estratégias para alcançar o objetivo proposto. Ela terá de refletir sobre o sistema de escrita, precisa comparar com o nome de outros colegas para checar suas inferências, utilizar seus conhecimentos prévios sobre quais letras deverá utilizar para escrever aquele determinado nome e, por fim, selecionar o correto para marcar.

Tatiane Rodrigues concorda:
Nessa situação, há uma necessidade real de leitura. Isso faz a criança utilizar hipóteses de leitura, entrar em conflito com o que ela já sabe e o novo, enfim, contribui significativamente para a aprendizagem.

Erotides Santos Vitório diz:
É fato que ninguém aprende as letras do nome a partir do nada. As situações de aprendizagem precisam ser contextualizadas, a criança precisa fazer relações: comparar, compreender, associar e pensar para compreender como se escreve seu nome e o dos colegas. Isso significa, portanto, aprender. Por isso, essa segunda proposta de bingo traz para as crianças vários questionamentos, fazendo com que elas coloquem em jogo muito mais do que apenas seu conhecimento sobre as letras e seu som. As crianças têm de diferenciar os nomes parecidos, reconhecendo as letras finais ou as iniciais, por exemplo. (…) Dependendo do questionamento feito pelo professor, isso pode promover a aprendizagem da leitura de vários nomes ao mesmo tempo.

É também muito interessante pelo fato de oportunizar ao aluno contato com nomes muito parecidos, com letras iniciais ou finais iguais, onde ele terá de colocar em jogo outros conhecimentos anteriores para poder entender as diferenças, reconhecer o nome e comparar sua grafia e leitura.
M A R C E L O
M Á R C I A
A R I A N E
M A R I A N E

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2. Qual é seu telefone?
Raquel Relvas sugeriu um projeto para a confecção de uma agenda telefônica. Seu uso é especialmente interessante porque as crianças sabem o que está escrito nela e, portanto, o exercício é encontrar o nome que desejam em uma lista. Isso vai permitir a elas reconhecer as regularidades e pensar sobre isso, condições imprescindíveis para compreender como funciona o sistema de escrita, conhecimento que, como já sabemos, é de natureza conceitual. O próprio uso da agenda já cria todos os desafios necessários para a reflexão sobre o sistema, os usos e as funções de uma agenda de telefones:

Quando a criança precisa localizar e identificar um determinado nome, consultando a agenda para poder realizar o telefonema, faz uma atividade de leitura. Quando precisa saber em que página da agenda deverá escrever determinado nome, como ele se escreve, quais e quantas letras esse nome possui e em que ordem elas são escritas, ela reflete sobre a escrita. Os pequenos relacionam a letra inicial com o nome de outros amigos. Se quiserem ligar para um colega, saberão em que letra deverá estar e, se tiver dois nomes escritos iniciados com a mesma letra, isso já gera um enorme conflito. Eles precisarão se arriscar na leitura e ter certeza de qual nome está escrito ali, para não correr o risco de ligar para o colega errado! Segundo o grupo, o projeto seguiria as seguintes etapas:
1ª. Antes da confecção da agenda telefônica, a professora pode levar para a sala diferentes tipos de agendas e discutir sobre sua utilização, organização, manuseio etc. Raquel Relvas já viveu essa experiência em sua cidade e comenta:
Algumas crianças sugeriram comprar uma agendinha telefônica, pois em nossa cidade há algumas lojas de produtos a R$1,00 e não ficaria custoso para ninguém. Pensando assim, todos toparam e resolvemos adquirir as agendas. Chegaram agendas de todos os tipos e tamanhos. Eu gostei muito, os pequenos descobriram que apesar de diferentes, todas elas possuíam características em comum atendendo do mesmo modo à função a que se destinavam.
2ª. As crianças também podem manusear algumas listas e procurar alguns nomes, aproveitando boas situações de leitura.
3ª. Em seguida, podem começar a confeccionar as agendas telefônicas, encaixando os nomes dos colegas nas letras correspondentes e anotando os números de telefones de cada um.
Para Clidinéia Ferreira, essa etapa poderia ser planejada assim:
Iniciaria com uma pesquisa onde cada aluno pesquisaria com os pais o número correto do próprio telefone e o traria para a sala. Depois, as crianças explorariam esses números levando os alunos a refletir sobre sua ordenação. Quanto à escrita, depois de socializar a pesquisa, faríamos uma listagem geral com os nomes e números de telefone dos alunos. Entregaríamos uma cópia da lista para que eles elaborassem as agendas em ordem alfabética, em duplas, discutindo a posição de cada nome na agenda. Em uma outra aula, confrontaríamos essa lista completando a agenda, verificando onde surgiu mais dúvida, ou verificando se todos conseguiram chegar à organização esperada.

4ª. Depois, pode-se solicitar aos alunos que liguem pelo menos para três amigos, em prazo combinado, para ver se as anotações estão corretas.
5ª. Para finalizar, podem produzir um pequeno texto para os demais colegas sobre a experiência que tiveram: como ocorreu, para quem ligaram e qual foi o resultado. Isso pode ser fei to coletivamente se a professora for escriba.
Lorena Trescastro amplia a proposta:
Incluir no trabalho uma reflexão que favoreça a compreensão da funcionalidade de letras (nomes) e números (código de acesso telefônico), destacando o uso de números em diferentes contextos.

Nenhum a menos
Algumas professoras, preocupadas com a inserção de todos os alunos no projeto, questionaram o fato de que tal proposta talvez não fosse adequada para os provenientes de famílias de baixa renda. Muitos não possuem telefone em casa, passam a maior parte do dia fora e, por isso, talvez não o utilizam com a mesma frequência de determinadas famílias. Sem considerar a contenção dos pulsos telefônicos, que oneram o orçamento dos pais. Elas temem que esse problema possa se transformar, em muitos casos, em impeditivo para a realização de um projeto cujo propósito compartilhado seja construir uma agenda própria.

O exercício crítico e a discussão didática sobre os benefícios do desenvolvimento desse projeto para a criança que se alfabetiza levou o grupo a concluir que as aprendizagens envolvidas na confecção e uso da agenda são necessárias, desejáveis e adequadas. Como lembra Raquel Relvas: A agenda tem uma função social e, por isso, ensinar a usá-la é muito coerente com a prática de alfabetização e valida nossos conhecimentos teóricos e práticos.
Tatiane Rodrigues avalia:
A necessidade do projeto agenda reside no fato de possibilitar que a criança reflita sobre como se escreve. Essa atividade dispõe de muitos requisitos para isso e todos desejam que uma criança aprenda a ler e escrever de maneira necessária e real, utilizando materiais adequados, como uma agenda.

Erotides Santos Vitório e Raquel Relvas concluem:
A construção de uma agenda de telefones é adequada, pois não podemos nos negar a fazer um trabalho como esse, que junta práticas de leitura e escrita, o real e o necessário em uma só atividade. Além disso, a agenda não é só para usar diariamente, é, principalmente, para usar nas emergências, para saber nomes e endereços de amigos e parentes. É também fonte de consulta do próprio número de telefone e endereço que pode ser usado para avisar a família quando houver uma emergência.

Em casa, por exemplo, utilizamos o telefone só em casos de necessidade. Porém, às vezes, precisamos ligar para um colega, justamente de quem não temos o número do telefone, ou o anotamos em um pedacinho de papel perdido em algum canto da bolsa. Nessa agenda, as crianças podem escrever e ler o nome do amigo que estão procurando, podem até procurar o seu próprio, caso não o saibam de cor, será um local para consultas, quando necessário, e até um exemplo para que usem em casa esse modelo de registro de endereços e telefones.
Ainda assim, há casos que necessitam de ajustes. Os alunos da professora Renata Maria Oliveira, por exemplo, em sua grande maioria, não possuem telefone residencial, nem aparelho celular. Portanto, a construção de uma agenda telefônica seria um projeto inviável porque não teria utilidade prática. Nesse caso, ela optou por construir outro tipo de agenda, com os endereços dos pequenos. Diz ela:
Ficou um pouco mais complicado porque passou a envolver o nome da rua e o número de suas residências, mas tenho certeza que atendeu melhor às necessidades das crianças. Elas estão muito empolgados e os pais têm participado. Assim, em vez de telefonar, as crianças poderiam combinar visitas aos colegas. Dá até para iniciar um trabalho referente ao bairro. Nessa discussão, concluímos que o importante é oferecer tudo às crianças, independente de classe social, para que elas possam aprender a ler e a escrever.  Ninguém fora nem da agenda, nem de uma sala de aula interessante, desafiadora e produtiva.
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3. Usos da lista de nomes
Além do jogo de bingo e do projeto agenda, há inúmeras possibilidades de trabalho com a lista de nomes da sala. O que vem a seguir não é um projeto, não envolve toda a ludicidade do jogo, mas certamente é interessante e desafiador. São as inúmeras ocasiões em que podemos recorrer à lista de nomes da sala para organizar o cotidiano em um contexto em que ler e escrever os nomes seja uma atividade real e necessária.

Um dos recursos mais utilizados pelos professores é o cartaz de pregas. Trata-se de um suporte, normalmente feito de cartolina ou papel kraft, onde se encaixam filipetas com os nomes de cada integrante da turma. São produzidas a partir de determinadas orientações a fim de favorecer a atividade de leitura:
1ª. Usa-se letra maiúscula.
2ª. Todos os nomes são escritos com a mesma cor, sem diferenciar os de meninas e os de meninos.
3ª. As filipetas têm tamanhos variados, a depender do tamanho do nome da criança, mas o tamanho da letra não varia, é sempre o mesmo.
4ª. Não há nenhum outro sinal que facilite a leitura, como desenhos, cores diferentes nas letras iniciais, fotos ou outras marcas que sirvam como um segundo símbolo.
Afinal, o que esse material tem de tão especial? Nada. É uma lista muito simples. Diferente do que muitos pensam, não basta colocá-la na sala de aula. Ela não é objeto de decoração. Muitos entendem que basta colocar a criança em contato com esse material e isso já seria suficiente, pois ela precisa olhar para os nomes. Isso não é verdade. A aprendizagem da escrita não depende de atividades perceptivas. Isso significa que, ainda que ela se depare com a lista de nomes todos os dias, isso não é suficiente para que, de fato, pense sobre o que está escrito.
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Lembra Raquel Relvas:
O cartaz de pregas é um recurso para a realização de atividades. Para que o cartaz de pregas seja um valioso instrumento alfabetizador, é necessário que o professor tenha realizado um planejamento com relação ao seu uso na sala de aula.

Renata Maria Oliveira diz:
O fato de possuir um cartaz de pregas em minha sala de aula não prova que as atividades realizadas sejam reflexivas para as crianças.

Clidinéia Ferreira concorda:
O cartaz de pregas pode ser apenas um recurso se ele for utilizado apenas como uma lista fixa. A cada vez que é utilizado, seguindo um propósito como é a chamada diária, serve para que a criança perceba que alguns nomes se iniciam com as mesmas letras, mas não terminam igual. Há nomes com quantidade de letras parecidas e diferentes. Som igual e escrita igual. A cada dia a criança pode refletir sobre algum nome de acordo com a proposta.

Raquel Relvas lembra:
A elaboração de boas propostas de atividades com a utilização do cartaz de pregas permite o desenvolvimento de um bom trabalho. Montar a lista de nomes da turma no cartaz e sugerir diferentes classificações e leituras (meninas e meninos, identificação da plaquinha de nomes dos ausentes, leitura de nomes e ordenação, fazer a chamada) faz desse recurso um bom instrumento de trabalho.

Erotides Santos Vitório, ao analisar uma das atividades do vídeo sobre nomes próprios do Profa3, contribui significativamente para a ampliação da discussão. Ela comenta: No vídeo O Nome próprio e os próprios nomes, a professora Regina pede que as crianças de um determinado grupo ajudem a separar os nomes das crianças das duas salas de pré-escola, que estão misturados. A proposta é boa, pois põe em cheque todo o conhecimento que elas possuem sobre nomes, faz com que usem todo o conhecimento que possuem.
Em outra situação, a docente propôs que os pequenos fizessem uma lista separando as fichas com os nomes de duas salas. Os nomes eram conhecidos e, com isso, ela propôs uma reflexão sobre as características do sistema de escrita. Enquanto algumas crianças separavam os nomes, as outras, que já faziam uso de hipóteses mais adiantadas, escreviam a lista. Ao final, elas verificam se não esqueceram nenhum nome, o que faz com que as hipóteses pré-silábicas adquiram novos conhecimentos e percebam que os nomes sempre se escrevem da mesma forma.
Com essa atividade, as crianças podem aprender a diferenciar os nomes pelas letras iniciais; a reconhecer que nomes parecidos têm apenas algumas letras diferentes; que apenas a primeira e a última letra não garantem que o nome seja o que ela está procurando; que o nome sempre se escreve da mesma forma; que alguns nomes se escrevem com poucas letras e outros com muitas letras etc.
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Para terminar…
Chegamos ao fim de nossa coletânea. Esperamos que você, caro leitor, tenha aproveitado nossas ideias e que nos ajude a manter ativa essa comunidade de professores alfabetizadores. Para tanto, convidamos você a revisar suas práticas: verificar todas as que deseja manter, as que pretende melhorar e, por fim, o que se mostrou novo e que será incorporado em seu dia a dia de docente. Acesse nosso portal – www.alemdasletras.org.br – e nos envie comentários sobre o que você achou deste material e como o utilizou em sua escola. Indique também o que pode ser feito. Suas sugestões podem ser importantes para outras produções coletivas do portal.

(Clidinéia Ferreira, Érica Miskolci, Erotides Santos Vitório, Lorena Trescastro, Maria do Carmo Simões da Silva, Raquel Relvas, Renata Maria Oliveira, Tatiane Rodrigues, alunas do curso a distância O papel do nome próprio na alfabetização inicial4. A edição é de Silvana Augusto, formadora do Instituto Avisa Lá e coordenadora do curso)
1O portal Além das Letras reúne conteúdos do Programa Além da Letras que é uma iniciativa do Instituto Avisa Lá, do Instituto Razão Social e do Grupo Gerdau, com o apoio da Avina, UNICEF, Undime e Ashoka. É composto de uma premiação e de uma rede de formadores, que conta também com a tecnologia da IBM, por meio da iniciativa Reinventado a Educação. Para mais informações acesse: www.alemdasletras.org.br.
2Todos os nomes citados na coletânea são de alunos do curso que participaram até a etapa final, tendo realizado as atividades propostas e, desse modo, obtido o certificado de conclusão do curso. São, portanto, co-autores da publicação
3Programa de Formação de Professores Alfabetizadores realizado pela Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC), Brasília, 2001.
4Participaram como formadoras do Instituto Avisa Lá: Ana Carolina Carvalho, Debora Rana e Denise Nalini.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

CÁLCULO MENTAL NA ESCOLA

Ressignificar o ensino da matemática ajudou as formadoras de Nova Lima na mobilização dos coordenadores e professores da rede para enfrentar a mudança nas práticas de ensino do cálculo
É comum ouvirmos de professores que as crianças têm dificuldade de fazer algumas contas, principalmente aquelas em que “vai um” ou “empresta um” e que apesar de o cálculo ser trabalhado diariamente não surte nenhum efeito. Por conta disso, nesse primeiro encontro do Programa Além dos Números1, o objetivo é evidenciar o uso social do cálculo mental e diferenciar cálculo mental de cálculo algorítmico. A proposta de iniciar o encontro com a leitura do relato de um cidadão comum, envolvido com situações diárias de cálculo, fez o grupo refletir sobre situações fora da escola. Esse recurso foi necessário para fazer estimativas, para chegar a um resultado exato, como também para verificar e antecipar o resultado de uma operação realizada com a calculadora.
Após a constatação do uso e da necessidade do cálculo mental na sociedade, foi feita a comparação com a prática escolar. O cálculo mental está presente na escola do mesmo modo como ele é usado fora dela? Por que ensinar cálculo mental na escola? Como a escola trabalha com cálculo mental? No dia a dia da sala de aula, enfatiza-se mais o trabalho com cálculo mental ou com a conta armada? Essas perguntas evidenciaram que o conceito de cálculo mental não era muito claro para o grupo, que o confundia com cálculo memorizado.
As pessoas do grupo acreditavam que os cálculos memorizados garantiriam aos alunos a realização de contas de cabeça, e imaginavam também que se os alunos soubessem calcular com lápis e papel não saberiam resolver cálculos mentais. Havia quem afirmasse que o problema residia no fato de as crianças não saberem usar o raciocínio. E havia também quem dissesse que elas tinham preguiça de pensar.
Foi possível perceber, entre os profissionais da escola, diferentes objetivos ligados ao ensino de Matemática, mas ninguém soube dizer qual é o melhor jeito de fazê-lo. Na verdade, todos estão presos a práticas tradicionais, que não estimulam a criança a pensar nem a compreender o que se aprende. Ela se limita a reproduzir o que foi dito pelo professor. Os docentes passam boa parte do tempo da aula de Matemática ensinando técnicas ligadas à realização de operações.
“A finalidade do trabalho com cálculo mental é que os alunos desenvolvam o hábito de refletir sobre os cálculos e disponham de meios permanentes de aproximação, controle sobre os resultados obtidos pela utilização de técnicas como o algoritmo. O cálculo pensado atualmente, existindo as calculadoras, é mais útil e formador que o cálculo automático (para o qual existem as calculadoras). Por mais que as calculadoras facilitem a operação matemática, sempre será necessário um sujeito para utilizá-las com inteligência, alguém que ordene as operações (tem de saber qual) e que controle a razoabilidade do que obtém.” Disponível em: www.uruguayeduca.edu.uy/Portal.Base/Web/VerContenido.aspx?ID=207523.  (Indicação de Priscila Monteiro)
Em geral, os educadores sentem dificuldade para conceituar cálculo mental. Alguns afirmam que a diferença entre cálculo e algoritmo é o uso do lápis e do papel. Outros argumentam que, para ser denominado cálculo mental, a conta deveria ser contextualizada. Perguntamos então: “5 x 3 não pode ser cálculo mental, mas se elaborarmos um problema envolvendo 5 x 3 tornase um cálculo mental?”
É recorrente a confusão de que cálculo mental é igual ao cálculo que se faz de cabeça ou ao cálculo que se faz de memória. Dizer que cálculo mental é aquele que é refletido e pensado é muito importante para os professores, pois isto altera completamente o ensino de Matemática. (Comentário de Débora Rana)
Apresentamos e analisamos o diagnóstico aplicado nas escolas da rede por meio de três perguntas:
– O cálculo mental é trabalhado na escola?
– É possível saber, pelo diagnóstico, como é trabalhado cálculo mental na escola?
– O ato de corrigir usando riscos ou elogios ajuda o aluno a avançar em seu conhecimento matemático?

O diagnóstico revelou que o cálculo mental não é trabalhado na escola e, quando trabalhado, é feito de modo equivocado. O diagnóstico é um excelente instrumento para tornar observável como se trabalha e o que se trabalha. No entanto, esse diagnóstico precisa ser analisado à luz da concepção de ensino vigente e da que se quer implementar. (Comentário de Débora Rana)
Propusemos então a estratégia de dupla conceitualização. Na primeira parte, trabalhamos a reconceitualização do objeto de ensino – cálculo mental. Na segunda, fizemos os encaminhamentos didáticos para comunicar esse conteúdo. Os coordenadores resolveram individualmente  as situações-problema sem utilizar lápis e papel e, depois, houve a socialização das estratégias utilizadas por eles para resolver os seguintes cálculos:
a. Ontem, comprei uma camiseta por R$ 26,00 e uma por R$ 19,00. Quanto gastei?
b. Em uma semana, gastei R$ 364,00 no supermercado; na outra, R$ 528,00. Quanto gastei no supermercado nessas duas semanas?
c. Em uma semana de um determinado mês gastei R$ 390,00 no supermercado; na semana seguinte, R$ 510,00. Quanto gastei nas duas semanas?
d. No almoxarifado da escola, há 77 caixas de lápis com 32 lápis em cada uma delas. Quantos lápis há no almoxarifado?
e. Quero comprar um fogão em sete prestações de R$ 99,00. Qual é o preço total do fogão?
f. Calcule: 4 x 53.
g. Quanto é preciso subtrair de 1.000 para se obter 755?

Socializamos as estratégias utilizadas pelos coordenadores pedagógicos, registrando-as em um cartaz. Propusemos a comparação entre as diferentes estratégias utilizadas e o que se pretendia com as experiências realizadas.
Formação em Nova Lima – MG: mudança  nas práticas de ensino do cálculo (foto Jaquelline Marques)
Formação em Nova Lima – MG: mudança nas práticas de ensino do cálculo (foto Jaquelline Marques)
As estratégias limitaram-se à visualização mental da conta armada na cabeça (algoritmo) e ao uso de arredondamentos e de decomposição. A socialização das estratégias adotadas permitiu ao grupo ter acesso a outras possibilidades de resolução das operações.
Neste caso, a proposta é deixar claro que, para calcular, apoiamo-nos em propriedades das operações e do sistema de numeração. (Comentário de Priscila Monteiro)
Após a apresentação das estratégias empregadas, apresentamos outras maneiras de se operar mentalmente com as propriedades das operações. Retomamos a construção do conceito de cálculo. Antes essa tarefa havia se mostrado difícil, mas agora, vivenciada uma situação-problema, que desencadeou reflexões sobre o conteúdo em foco, ela possibilitou ao grupo di fe renciar cálculo algorítmico (na próxima página), em que sempre se utiliza a mesma técnica para uma operação dada, qualquer que sejam os números.
Em seguida, refletimos sobre as condições didáticas2 necessárias para que os alunos se apropriem do cálculo mental. As seguintes perguntas direcionaram as discussões:
  • O que as crianças podem aprender em uma atividade como essa?
  • Por que a atividade foi inicialmente proposta de maneira individual?
  • Faz diferença anotar as estratégias em um cartaz?
  • O resultado seria o mesmo se as estratégias fossem anotadas no quadro?
  • Seria diferente iniciar a situação definindo cálculo mental?
O ponto relevante de toda a discussão foi o momento em que os coordenadores consideraram a importância de oferecer às crianças a oportunidade de socializar as estratégias utilizadas para a resolução de  cálculos. O confronto das diferentes estratégias suscita outras possibilidades de resolução, e as crianças se apropriam das estratégias que lhes parecem mais eficazes. A verbalização de seu pensamento (metacognição) possibilita a tomada de consciência, o entendimento dos caminhos percorridos. Enfim, a aprendizagem passa a ter sentido.
No trabalho com cálculo mental, é possível distinguir dois aspectos: a sistematização de um conjunto de resultados e a construção de procedimentos pessoais. Vejamos em que consistem esses dois aspectos. Um dos objetivos do cálculo mental é que os alunos memorizem certos resultados ou possam recuperá-los facilmente. Essa memorização deve estar apoiada na construção e na identificação prévia de relações que teçam uma rede a partir da qual possam sustentar e dar sentido a ela.
A sistematização de resultados permite a construção progressiva de repertórios de adições, de subtrações, de multiplicações e de divisões disponíveis na memória ou que podem ser facilmente reconstruídos com base naqueles que foram memorizados. Procedimentos pessoais que permitem dar resposta a uma situação foram denominados “cálculo pensado” ou “refletido”. Por não serem processos automatizados, eles consistem na apresentação de diferentes caminhos com base em decisões que os alunos vão tomando durante a resolução dos problemas propostos. Essas decisões estão vinculadas à compreensão da tarefa, com diferentes relações que se estabelecem com o controle daquilo que vai acontecendo durante a resolução.
O cálculo mental permite, então, trabalhar com os números de maneira descontextualizada, familiariza os alunos com uma atividade matemática que também encontra sentido em si: encontrar um procedimento, confrontar diferentes procedimentos, analisar sua validade. Isso permite às crianças expressar um mesmo número de diferentes maneiras relacionadas com a numeração decimal. (Comentário de Priscila Monteiro)
Após a atividade de dupla conceitualização, propusemos a leitura compartilhada do texto Contas de cabeça e sem errar3. Quais as vantagens de trabalhar com cálculo mental? Quando e com que frequência o cálculo mental deve ser desenvolvido na escola? Essas duas perguntas nortearam a leitura do texto, possibilitando a sistematização das discussões e o esclarecimento de dúvidas. O trabalho com cálculo mental possibilita que os alunos atribuam sentido ao algoritmo, na medida em que permite que construam estratégias de antecipação e conferência de resultados, e mais do que isso, desvelar os passos que estão ocultos no algoritmo. No encerramento do encontro, foram sistematizadas as condições didáticas para o trabalho com os alunos.
(Débora Rana e Priscila Monteiro, coordenadoras do Programa Além dos Números, do Instituto Avisa Lá, em São Paulo – SP; Jaquelline Marques e Luciene Campos, formadoras locais do projeto Além dos Números, em Nova Lima – MG)
1O Programa Além dos Números, iniciado em 2010, é uma parceria entre o Instituto Avisa Lá e o Instituto Razão Social com o apoio da IBM, por meio da cessão de servidores e licenças de uso dos softwares.
2Segundo Delia Lerner, o conceito de Condições Didáticas é o que é necessário garantir em diferentes situações didáticas, de ideias fundamentais para favorecer as aprendizagens.Para saber mais: Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário, de Delia Lerner. Porto Alegre: Artmed Editora. Site: www.artmed.com.br
3Contas de cabeça e sem errar, de Paola Gentile e Thais Gurgel. Revista Nova Escola – Fundação Victor Civita: São Paulo, setembro de 2009, disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/matematica/fundamentos/cabeca-errar-500351.shtml

Ficha Técnica

  • Programa: Além dos Números
    Coordenadoras: Débora Rana e Priscila Monteiro E-mail: deborarana@ajato.com.br / E-mail: pbm@terra.com.br
    Responsabilidade técnica: Instituto Avisa Lá
    Parceiros: Instituto Razão Social, com apoio tecnológico da IBM
    Site: www.avisala.org.br
  • Secretaria Municipal de Educação de Nova Lima – MG
    Núcleo de Formação Continuada
    Endereço: Rua José Agostinho, 2335 – Oswaldo Barbosa Pena. CEP 34000-000 – Nova Lima – MG Tel.: (31) 3541-9715 E-mail: jaquellineamarques@yahoo.com.br e lucienenl@ig.com.br
    Site: www.novalima.mg.gov.br
Foco na formação em Nova Lima – MG: ressignificar o ensino de Matemática da rede (foto: Jaquelline Marques)
Foco na formação em Nova Lima – MG: ressignificar o ensino de Matemática da rede (foto: Jaquelline Marques)

Alguns conceitos

Cálculo Mental
“Conjunto de procedimentos que, analisando os dados por tratar, se articulam sem recorrer a um algoritmo preestabelecido para obter resultados exatos ou aproximados (…). (…) Isto é, os algoritmos permitem operar sem reparar nos números com os que se está calculando. Trata-se apenas de seguir os passos que asseguram chegar ao resultado correto se não se comete nenhum erro no caminho. No caso do cálculo mental é necessário analisar cada caso em particular e buscar o modo mais conveniente para operar. No há regras a seguir, cada caso é singular.”

Fonte: Cálculo mental e algorítmico: Dirección de Gestión Curricular – Mejorar los aprendizajes – Área Matemática. Equipe: Teresita Chelle, Patricia García, Gloria Robalo, Inés Sancha, María Cecilia Wall, (coord.)  Andrea Novembre. Dirección General de Cultura y Educación: Buenos Aires.
Algoritmo
“Um conjunto de regras necessárias à resolução de um problema ou cálculo.”

Fonte: Dicionário matemático – Só Matemática www.somatematica.com.br/dicionarioMatematico
Cálculos algoritmizados: “consistem em uma série de regras aplicáveis em uma ordem determinada, sempre do mesmo modo, independentemente dos dados, que garantem alcançar o resultado buscado em um número finito de passos. As contas convencionais utilizadas para resolver as operações são procedimentos do seguinte tipo: caracterizam-se por recorrer a uma única técnica para uma operação dada, sempre a mesma, independentemente de quais forem os números em jogo”.
Fonte: Cálculo mental con números naturales: apuntes para la enseñanza, Coordinación autoral: Patricia Sadovsky. Elaboración del material: María Emilia Quaranta, Héctor Ponce. Buenos Aires.
Multiplicações Básicas
“Para ajudar a memorização das mesmas tabuadas, é preciso observar a lei de formação, o que ademais prepara o aluno para o conceito posterior de múltiplo. Assim, na tabuada do dois, por exemplo, há que se notar que os sucessivos resultados obtidos variam de dois em dois: 2, 4, 6 etc. Da mesma forma, na tabuada do três, os resultados sucessivos se diferenciam em três: 3, 6, 9 etc. Ambas as versões se fundamentam na repetição e na prática. A segunda, no entanto, contém o matiz diferenciador de dispor de uma estratégia aditiva para deduzir um resultado a partir de outros prévios (pela soma) ou posteriores (pela subtração). Isso, pelo que se entende, implica maior ligação do aprendido com a base conceitual prévia: a multiplicação como soma reiterada. É possível e até aconselhável desenvolver esta aprendizagem no segundo curso de escolaridade, de maneira imediata à aprendizagem das primeiras multiplicações.”

Fonte: As multiplicações básicas, de Carlos Maza Gomes in Multiplicar y Dividir através de la resolución de problemas. Visor: Madri.

Para Saber Mais

Livros
  • Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas, de Cecilia Parra e Irma Saiz (orgs.). Editora Artmed. Tel.: 0800-703-3444. Site: www.artmed.com.br
  • Cálculo mental con números naturales: apuntes para la enseñanza, de Patricia Sadovsky (coord. autoral). Disponível em http://estatico.buenosaires.gov.ar/areas/educacion/curricula/pdf/primaria/calculo_naturales_web.pdf
  • Multiplicar y dividir a través de la resolución de problemas, de Carlos Maza Gomes. Madri: Visor – Espanha. E-mail: info@libreriauniversal.com. Site: www.libreriauniversal.com

FONTE: http://avisala.org.br/index.php/conteudo-por-edicoes/revista-avisala-46/calculo-mental-na-escola/