quinta-feira, 6 de junho de 2013

SOBRE AS ATIVIDADES PERMANENTES DE ALFABETIZAÇÃO


Atividades permanentes são situações didáticas cujo objetivo é constituir atitudes, desenvolver hábitos e procedimentos, favorecer a familiaridade e/ou a reflexão sobre um tipo de conteúdo etc. Pressupõe um trabalho regular – de periodicidade semanal, quinzenal, diária... – que acontece de forma sistemática e previsível durante o tempo necessário para que o objetivo pretendido seja alcançado. Como a característica principal dessas atividades é a regularidade, elas são privilegiadas para o contato intenso com um determinado conteúdo, daí a sua importância no período da alfabetização.
Seguem inicialmente algumas sugestões que não são específicas para alfabetizar.

 “‘Você sabia?’ – momento em que se discutem assuntos/temas de interesse das crianças. ‘Como viviam os dinossauros?’ ‘Por que a água do mar é salgada?’ ‘Como as crianças indígenas brincam?’. Cada aluno ou grupo pode se encarregar de tentar descobrir respostas para as perguntas. O professor também pode trazer, para esse momento, suas observações sobre o que mais mobiliza sua turma, em termos de curiosidade científica. É hora de trazer conteúdos das outras áreas curriculares: História, Geografia, Ciências, Matemática, Educação Física, como objeto de leitura e discussão.

Notícia da hora: momento reservado às notícias que mais chamaram a atenção das crianças na semana. Hora de exercitar o relato oral da criança que, por sua vez, vai aprendendo cada vez mais a relatar oralmente em situações como essas.

Nossa semana foi assim... Momento em que se retoma, de forma sucinta, o trabalho desenvolvido e se auxilia as crianças no relato e na síntese do que aprenderam; em que a memória de um pode/deve ser complementada com a fala do outro; em que o professor faz uma síntese escrita na lousa ou em cópias no papel ou de qualquer outro modo. Enfim, é hora de sistematizar, um pouco mais, as aprendizagens da semana: O que sabíamos? O que aprendemos? O que queremos aprender mais?

‘Vamos brincar?’ momento em que se ‘brinca por brincar’, em pequenos grupos, meninas com meninos, só meninas, só meninos, em duplas, em trios, sozinhos. É hora de o professor/a professora garantir a brincadeira, organizando, com as crianças, tempos, espaços e materiais para esse fim. É hora de observar as crianças nesse ‘importante fazer’. É hora de registrar essas observações para que possam ajudar o/a professor(a) a planejar outras atividades, a partir de um maior conhecimento sobre a turma, sobre cada criança.

Fazendo arte: momento reservado para as crianças conhecerem um artista específico (músico, poeta, pintor, escultor, etc.): sua obra, sua vida. Pode ser hora ainda de ‘fazer à moda de...’, em que as crianças realizam releituras de artistas e obras. Pode também ser momento de autoria de cada criança, por meio de sua expressão verbal, plástica, sonora.

Cantando e se encantando – momento em que se privilegiam as músicas que as crianças conhecem e gostam de cantar, sozinhas, todas juntas. É hora também de ouvir músicas de estilos e compositores variados, como forma de ampliação de repertório e gosto musical.

Comunidade, muito prazer! – momento em que se convidam artistas da região ou profissionais especializados (bombeiros, eletricistas, engenheiros, professores, repentistas, contadores de histórias, 
A família também ensina... momento em que se convidam mãe, pai, avô, avó, tio, tia para contar histórias, fazer uma receita culinária, contar como se brincava em sua época, cantar com as crianças. É a família enriquecendo seus laços com a escola e etc.) para irem à escola e fazerem uma apresentação/palestra/conversa. O evento demanda ação das crianças junto com o/a professor(a): elaborar o cronograma, selecionar as pessoas, fazer o convite, organizar a apresentação da pessoa, avaliar a atividade, etc. com as crianças. É a família compartilhando seus saberes.

Descobri na Internet – para as crianças que têm acesso em casa ou na comunidade à rede mundial de computadores, é possível reservar um momento para as descobertas que realizam, a partir dessa ferramenta de informação.

Leitura diária feita pelo(a) professor(a) – momento em que se lê para as crianças. É momento de o leitor experiente ajudar a ampliar o repertório dos leitores iniciantes. É possível, por exemplo, ler uma história longa em capítulos, como se liam os folhetins, como se acompanha uma novela na TV, mas também se pode ler histórias curtas, como fábulas, crônicas, etc. Ou ler poemas, com muita expressividade, enfatizando aqueles cuja sonoridade das palavras, cujo jogo verbal são as tônicas da construção poética.

Roda semanal de leitura – com as possibilidades referidas e outras ainda, como, por exemplo, quando as crianças selecionam, de própria escolha, em casa, na biblioteca (de classe, da escola ou da cidade) livros/textos/gibis para ler em dias e horários predeterminados. Podem depois conversar sobre o que leram para seus colegas. São leitores influenciando leitores. São leitores partilhando leituras.[1]



[1] Estas sugestões constam do documento Ensino Fundamental de 9 anos - Orientações para a inclusão de crianças de seis anos de idade (Brasília: SEB/MEC, 2006).


Um comentário:

Melissa Machado disse...

Muito bom este material!