quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO DE ATIVIDADES NA CRECHE


Para a criança, o espaço é o que sente, o que vê, o que faz nele.
Portanto, o espaço é sombra e escuridão; é grande, enorme ou, pelo contrário
Pequeno; é poder correr ou ter que ficar quieto, é esse lugar onde
Pode ir, olhar, ler, pensar.
O espaço é em cima, embaixo, é tocar ou não chegar a tocar; é barulho
Forte, forte demais ou, pelo contrário, silêncio, são tantas cores, todas
Juntas ao mesmo tempo ou uma única cor grande ou nenhuma cor....
O espaço,então,começa quando abrimos os olhos pela manhã em
Cada despertar do sono; desde quando, com a luz, retornamos ao espaço.
(Fornero, apud Zabalza, 1998, p.231)

Planejar atividades, fazer uma boa organização do trabalho na creche oferece, segurança às crianças, possibilitando-as desde pequenas, compreenderem a forma como as situações sociais que vivem são geralmente organizadas. Com isso elas têm mais autonomia, pois percebem regularidades e mudanças, rotinas e novidades e podem então orientar seus próprios comportamentos. Entretanto, devemos considerar a riqueza da dinâmica social típica do ser humano, sempre em movimento, sempre repensando significações. Daí que, planejar atividades não se refere propriamente à previsão de uma seqüência de atos que serão obrigatoriamente cumpridos, cabendo ao educador controlar para que as crianças participem obedientemente da mesma. Tal ideia contraria a visão de criança ativa, motivada, capaz de decidir, que busca agir com o outro, a interagir com ele.Uma proposta para creche envolveria a organização de variadas atividades, com diferentes materiais e em espaços físicos determinados para grupos de crianças. Nestas atividades o educador cuidaria de interagir com as crianças e de favorecer a interação entre elas e delas com objetos,espaços, situações enfim disponíveis. No ambiente organizado, busca-se o equilíbrio entre aquilo que é novo para a criança, ocasiões para ela explorar e descobrir, e aquilo que é familiar, momentos em que retoma ações, brincadeiras.Como organizar o espaço?Pesquisas têm demonstrado que áreas semi-abertas, criadas por divisórias de pouca altura,permitem as crianças se certificarem, pelo olhar, que o educador está por perto e possibilitam que um número reduzido de parceiros se reúna em torno de uma zona estruturadora de atividades. Tais zonas podem ser um escorregador, uma casinha de bonecas, um canto para guardar carrinhos maiores como em garagem, cabides com várias roupas, bolsas, chapéus, guarda-chuvas dependurados, etc.A organização do espaço físico, portanto pode ser uma boa solução, desde que não haja um número excessivo de crianças ocupando o espaço. Zonas estruturadas ao redor de certos temas como: casinha, cabeleireira, vendinha, posto de gasolina, canto de leitura etc., dão oportunidade para que as crianças se associem em pequenos grupos e desenvolvam atividades em grande parte sugeridas pelos “cenários” destas zonas de atividades. Peças simples podem servir para estruturar cantinhos com cenários e enredos mais definidos (por exemplo, grandes caixas onde as crianças podem fazer de conta que se escondem na floresta, ou que andam de trem etc.).
As áreas de atividades permitem que cada criança interaja com um pequeno número de companheiros, o que é uma situação confortável, especialmente para os menores de três anos que parecem “se perder” diante do grande número de propostas de ação que costumam surgir no grupo total de crianças de sua turma. O pequeno grupo possibilita melhor coordenação das ações das crianças, o que leva a criação de um enredo único de brincadeira, aumentando a troca e aperfeiçoando a linguagem. Desta forma não há necessidade de o educador atrair a atenção de todas as crianças, ao mesmo tempo, para si. Com isso as crianças esperam menos para serem atendidas, ou melhor, aproveitam este tempo em outras atividades interessantes.Na hora de planejar o espaço, deve-se ter como apoio os princípios da Educação Infantil, que são cuidar e educar de forma indissociável; complementaridade das ações com as da família;criança como sujeito de direitos e que expressa por múltiplas linguagens e diversidade.Apresentaremos alguns exemplos da creche que hoje existe. Com algumas idéias simples,acreditamos poder mudar algumas questões importantes no cotidiano das instituições.Nas salas onde as crianças fazem as atividades poderemos colocar espelhos com prateleiras, com diversos objetos como: boné, fantasias, chapéus, pinturas...Nos trocadores, colocar bichinhos nas paredes, móbiles baixos, permitindo que as crianças brinquem com eles, mas variando para que não fiquem sempre os mesmos;O cantinho dos berços pode oferecer momentos de privacidade, com almofadas, fazendo-se um ambiente aconchegante para se contar histórias e cantar músicas. Não é necessário que todas as crianças estejam presentes, pois nem todos dormem ao mesmo tempo;Podem-se fazer escadas com degraus baixos, e colocar ao redor dos berços colchões para que as crianças não se machuquem se caírem;Tocas e cortinas fazem um papel importante na delimitação do espaço;Quanto mais colocarmos objetos estimulantes no ambiente, mais possibilitará a intencionalidade educativa.Na entrada da creche ou sala pode-se colocar um túnel com ou sem janelas, feitas com caixas de geladeira. A criança entrará dentro dele e descobrirá muitas coisas legais, e os pais podem e devem participar junto com as crianças;O parque pode proporcionar à criança um ambiente estimulante se for também planejado, eis algumas dicas: Podemos criar uma estrutura que aproveite os cantos do parque, com bancadas, pias com torneiras, pneus para as crianças se sentarem. Assim pode-se utilizar o espaço fazendo oficina de argila, desenhos, pinturas, brincadeiras de massinha, etc;Um toco de madeira pintado poderá servir de barquinho; caixas de madeira podem ser penduradas nos muros (servem de bercinho, fogãozinho).Fazer um cantinho para a estória do livro com banquinhos para elas se sentarem, e um espaço para colocar livros enquanto estiverem brincando no parque;Nos muros podem ser feitos desenhos pelas próprias crianças para ficar bem mais alegre o parque;Deve ter caixa de areia fina, areia de praia, barro, gravetos.Os educadores podem sair com as crianças para conhecer o espaço fora da creche ou podem trazer pessoas de fora para vir interagir com as crianças na creche, ampliando o conhecimento destas acerca do mundo. Um homem da comunidade que trabalha em marcenaria pode ser chamado para construir alguns brinquedos de madeira com as crianças, ou seu José,bombeiro aposentado morador da vizinhança, pode ser convidado a contar às crianças histórias de quando ele trabalhava.
A proposta pedagógica de uma instituição de educação infantil deve estar fundamentada numa concepção de criança como cidadã, como pessoa em processo de desenvolvimento, como sujeito ativo da construção do seu conhecimento, como sujeito social e histórico marcado pelo meio em que se desenvolve e que também o marca.Para viabilizar a concretização da proposta é preciso que os espaços sejam projetados de acordo com a mesma a fim de oferecer o desenvolvimento das crianças de zero a seis anos,respeitadas as suas necessidades e capacidades. Portanto o imóvel deve apresentar condições adequadas de localização, acesso, segurança, salubridade, saneamento e higiene em total conformidade com a legislação.A organização do espaço deve possibilitar as crianças da educação infantil:

* Brincadeira
* Atenção individual
* Um ambiente aconchegante, seguro e estimulante
* Contato com a natureza
* Higiene e saúde
* Alimentação sadia
* Desenvolver sua curiosidade, imaginação e capacidade de expressão
* Movimentos em espaços amplos
* Proteção, afeto e amizade
* Expressar seus sentimentos
* Uma atenção especial durante seu período de adaptação

Desenvolver sua identidade cultural, racial e religiosa.Concluindo, queremos lembrar que nada adianta o espaço mudar se a atitude do educador não mudar também, e que é de fundamental importância o educador planejar pensando na criança e não só o que é mais cômodo para si.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SEQUÊNCIA DE ATIVIDADES


BRINCANDO COMO NOSSOS AVÓS

TEMPO PREVISTO: Aproximadamente dois meses.

OBJETIVOS:
* Refletir sobre o tempo histórico por meio do recorte (foco) das brincadeiras;
* Levantar as diferenças do modo de brincar de hoje e da época dos nossos avós.

INTERDISCIPLINARIDADES POSSÍVEIS: Movimento, Linguagem e Artes Visuais.


ETAPAS:
Etapa 1: Conversa com as crianças sobre as brincadeiras preferidas do grupo. Elaborar uma lista com essas brincadeiras e sugerir que sejam feitas algumas delas ao longo da semana. Pode-se realizar uma eleição para definir quais brincadeiras serão feitas.

Etapa 2: Realização das brincadeiras escolhidas ao longo de toda a semana.
Antes de cada brincadeira, conversar sobre:
* A necessidade ou não do uso de materiais para realizar a brincadeira, como: bola, corda, etc.;
* Regras específicas da brincadeira;
* Número e papel dos participantes;
* Necessidade da presença de um adulto durante a brincadeira, como participante, líder ou mediador;
* Espaço mais adequado para a realização das brincadeiras.

Etapa 3: Pesquisa sobre as brincadeiras preferidas nas épocas dos pais e avós das crianças. Pedir para que as crianças conversem com seus pais ou avós a esse respeito.

Etapa 4: Com as crianças, fazer uma lista com as brincadeiras preferidas nas épocas de seus pais e avós. Na classe, pedir para que as crianças contem sobre as informações coletadas com os pais e avós, enquanto o professor faz a lista. De acordo com a faixa etária, é possível pedir para que as próprias crianças façam a lista.

Etapa 5: Convite a algum dos avós das crianças para ir até a escola contar sobre as brincadeiras de sua época. É importante consultar as famílias para confirmar essa possibilidade e agendar as visitas ao longo da semana.

Etapa 6: Elaboração com as crianças de um roteiro de perguntas a serem feitas no dia da visita. As perguntas devem ser das crianças. Registrá-las para que possam ser retomadas.

Etapa 7: Depois da visita, conversar com as crianças sobre as possibilidades da realização nos dias de hoje das brincadeiras de antigamente e quais elas já conhecem. Escolher algumas dessas para serem ensinadas às crianças.

Etapa 8: Elaboração de um registro após cada brincadeira. Esse registro pode ser ditado pelas crianças e escrito pelo professor. Também é possível ilustrar esse registro com fotos do momento da visita ou desenhos das crianças.

Etapa 9: Montagem de uma linha do tempo com os registros, que pode ser exposta no mural da classe ou da escola.


* Fonte: Coleção Novos Caminhos - Educação Infantil, Editora DCL

domingo, 5 de fevereiro de 2012

PARA GOSTAR DE LER... CRÔNICA

O PRAZER DA LEITURA

Rubem Alves


Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem de “alfabeto“. “Alfabeto“ é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que “abecedário“. A palavra “alfabeto“ é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: “alfa“ e “beta“. E “abecedário“, com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: “a“, “b“, “c“ e “d“. Assim sendo, pensei a possibilidade engraçada de que “abecedarizar“, palavra inexistente, pudesse ser sinônima de “alfabetizar“...


“Alfabetizar“, palavra aparentemente inocente, contém uma teoria de como se aprende a ler. Aprende-se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras...

E assim era. Lembro-me da criançada repetindo em coro, sob a regência da professora: “be a ba; be e be; be i bi; be o bo; be u bu“... Estou olhando para um cartão postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redação: uma menina cacheada, deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê “fa“, “fe“, “fi“, “fo“, “fu“... (Centro de Referência do Professor, Centro de Memória, Praça da Liberdade, Belo Horizonte, MG.)

Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música deveria se chamar “dorremizar“: aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem repetindo as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse...

Todo mundo sabe que não é assim que se ensina música. A mãe pega o nenezinho e o embala, cantando uma canção de ninar. E o nenezinho entende a canção. O que o nenezinho ouve é a música, e não cada nota, separadamente! E a evidência da sua compreensão está no fato de que ele se tranquiliza e dorme – mesmo nada sabendo sobre notas! Eu aprendi a gostar de música clássica muito antes de saber as notas: minha mãe as tocava ao piano e elas ficaram gravadas na minha cabeça. Somente depois, já fascinado pela música, fui aprender as notas – porque queria tocar piano. A aprendizagem da música começa como percepção de uma totalidade – e nunca com o conhecimento das partes.

Isso é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. “Erotizada“ – sim, erotizada! – pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está lendo.

No primeiro momento as delícias do texto se encontram na fala do professor. Usando uma sugestão de Melanie Klein, o professor, no ato de ler para os seus alunos, é o “seio bom“, o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Confesso nunca ter tido prazer algum em aulas de gramática ou de análise sintática. Não foi nelas que aprendi as delícias da literatura. Mas me lembro com alegria das aulas de leitura. Na verdade, não eram aulas. Eram concertos. A professor lia, interpretava o texto, e nós ouvíamos extasiados. Ninguém falava. Antes de ler Monteiro Lobato, eu o ouvi. E o bom era que não havia provas sobre aquelas aulas. Era prazer puro. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa de leitura – experiência vagabunda! – e a experiência de ler a fim de responder questionários de interpretação e compreensão. Era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro...

Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, lendo para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afetiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas daquele mundo maravilhoso! Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor: maternagem: continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afetuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: “Por favor, me ensine! Eu quero poder entrar no livro por conta própria...“

Toda aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontecerá. Há aquele velho ditado: “É fácil levar a égua até o meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber“. Traduzido pela Adélia Prado: “Não quero faca nem queijo. Quero é fome“. Metáfora para o professor: cozinheiro, Babette, que serve o aperitivo para que a criança tenha fome e deseje comer o texto...

Onde se encontra o prazer do texto? Onde se encontra o seu poder de seduzir? Tive a resposta para essa questão acidentalmente, sem que a tivesse procurado. Ele me disse que havia lido um lindo poema de Fernando Pessoa, e citou a primeira frase. Fiquei feliz porque eu também amava aquele poema. Aí ele começou a lê-lo. Estremeci. O poema – aquele poema que eu amava – estava horrível na sua leitura. As palavras que ele lia eram as palavras certas. Mas alguma coisa estava errada! A música estava errada! Todo texto tem dois elementos: as palavras, com o seu significado. E a música... Percebi, então, que todo texto literário se assemelha à música. Uma sonata de Mozart, por exemplo. A sua “letra“ está gravada no papel: as notas. Mas assim, escrita no papel, a sonata não existe como experiência estética. Está morta. É preciso que um intérprete dê vida às notas mortas. Martha Argerich, pianista suprema (sua interpretação do concerto n. 3 de Rachmaninoff me convenceu da superioridade das mulheres...) as toca: seus dedos deslizam leves, rápidos, vigorosos, vagarosos, suaves, nenhum deslize, nenhum tropeção: estamos possuídos pela beleza. A mesma partitura, as mesmas notas, nas mãos de um pianeiro: o toque é duro, sem leveza, tropeções, hesitações, esbarros, erros: é o horror, o desejo que o fim chegue logo.

Todo texto literário é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele surfa sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto se apossa do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se ele luta com as palavras, se ele não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos que ela termine logo. Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida em nossas escolas a prática de “concertos de leitura“. Se há concertos de música erudita, jazz e MPB – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos experimentarão os prazeres do ler. E acontecerá com a leitura o mesmo que acontece com a música: depois de ser picado pela sua beleza é impossível esquecer. Leitura é droga perigosa: vicia... Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é deles. Foram forçados a aprender tantas coisas sobre os textos - gramática, usos da partícula “se“, dígrafos, encontros consonantais, análise sintática –que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a beleza musical do texto literário: foi-lhes ensinada a anatomia morta do texto e não a sua erótica viva. Ler é fazer amor com as palavras. E essa transa literária se inicia antes que as crianças saibam os nomes das letras. Sem saber ler elas já são sensíveis à beleza. E a missão do professor? Mestre do kama-sutra da leitura...


APERITIVOS

1. “Analfabeta não é a pessoa que não sabe ler. É a pessoa que, sabendo ler, não gosta de ler.“ (Quem foi que disse isso? Acho que foi o Mário Quintana).

2. A menininha de 9 anos me explicou como as crianças na sua escola aprendiam a ler: “Aqui na Escola da Ponte não aprendemos letras e silabas. Só aprendemos totalidades...“

3. Os compositores colocam em suas partituras indicações para orientar o intérprete: lento, presto, adagio, alegretto, forte, piano, ralentando. Os escritores deveriam fazer o mesmo com seus textos. Há textos que devem ser lidos lentamente, expressivamente, tristemente. Outros que exigem leveza, rapidez, riso. O leitor experiente não precisa dessas indicações. Mas elas poderiam ajudar os principiantes.

4. “Mais valem dois marimbondos voando que um na mão“ (Almanak do Aluá).

5. Graciliano Ramos relata que, quando menino, na escola lhe ensinaram um ditado: “Fale pouco e bem e ter-te-ão por alguém“. Ele repetia o ditado mas ficava com uma dúvida: “Quem será esse ‘Tertião’?“

* fonte: www.rubemalves.com.br

PROJETO SUPER-HERÓIS


OBJETIVO COMPARTILHADO:
* Criar um jogo do tipo Super Trunfo com personagens idealizados pelas crianças (heróis e vilões).

OBJETIVOS:
* Desenvolver competências na elaboração de texto instrucional;
* Criação de personagens e histórias para os mesmos;
* Aprimorar o desenho a partir da observação de ilustradores e da constância das propostas oferecidas em artes;
* Aprender a cumprir as regras de um jogo;
* Reforçar o coleguismo e o respeito mútuo;

CONTEÚDO:
* Estudo de textos instrucionais sobre jogos;
* Leitura de gibis e livros de super-heróis;
* Apreciação de filmes e desenhos de super-heróis.

ETAPAS:
* Conversa sobre o projeto e apresentação de jogos: Super Trunfo e Monster Rangers da Grow, como modelo para criação futura;
* Criação de personagens: heróis e vilões (desenho);
* Apresentação dos desenhos criados em roda;
* Escrita da história do personagem criado (texto individual);
* Escrita das características do personagem;
* Roda de conversa para escolha do planeta onde o jogo ocorreu e de cada personagem criado;
* Escrita individual de um texto sobre o planeta;
* Desenho e colagem sobre o mesmo;
* Texto coletivo do planeta:
* Desenho com modelo vivo (crianças da sala);
* Roda de conversa para aperfeiçoamento do personagem criado;
* Divisão em subgrupos para jogar Super Trunfo e Monster Rangers;
* Estudo de textos instrucionais;
* Criação de texto instrucional para o jogo criado;
* Aperfeiçoamento e redução do desenho do personagem para compor as cartas do jogo (produto final);
* Roda de conversa para decidir quais os poderes para cada carta;
* Sorteio dos valores dos poderes para cada carta;
* Escolha de um nome para o jogo.

* fonte: Revista Avisa Lá, nº 21 - Jan/2005